junho 08, 2017
Sobre as atividades de pesquisa no PET – Planejamento Insurgente
por Clarissa Freitas
As atividades de pesquisa no DAU ganharam força com a aprovação do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura, Urbanismo e Design. Os tutores do PET têm buscado integrar as atividades dos petianos com as pesquisas de seus orientandos no mestrado, fortalecendo a integração das atividades entre os diferentes níveis de estudo, numa parceria em que todos ganham. Um exemplo disso é a atuação do Vitor Domício na atividade junto ao Raízes da Praia, e o suporte dos alunos de mestrado ao grupo de petianos que estudam modelagem da Informação (prometemos um post sobre isso em breve).
Atualmente estamos formando um grupo de estudos sobre Planejamento Insurgente que se reúne todas as quintas-feiras pela manhã, integrado à pesquisa da mestranda Naggila Frota, ao projeto de PIBIC intitulado "Assentamentos informais em Fortaleza: planejamento insurgente e a visualização das disputas urbanas" (resumo da pesquisa abaixo). Este grupo é responsável por preparar a missão de pesquisa da professora Faranak Miraftab (confira aqui uma de suas palestras) à Fortaleza, quando ela fará uma conferência sobre o tema, que será aberta à comunidade, numa data que divulgaremos em breve. Trata-se de um conceito relativamente recente nas discussões sobre planejamento urbano no Brasil, mas que se refere a um tema já bastante consolidado: a legitimidade das práticas urbanas de grupos sociais excluídos. A utilização do conceito de insurgência ajuda a dialogar com a literatura internacional, que tem compreendido a atividade dos movimentos sociais urbanos como práticas de planejamento fundamentais para a efetivação das estratégias de inclusão.
Neste vídeo, a professora Clarissa apresenta suas primeiras reflexões sobre a relação entre o conceito de planejamento insurgente e a política urbana brasileira de direito à cidade, para um grupo de pesquisa na Universidade de Minnesota em outubro de 2016. Suas reflexões são também muito baseadas nas suas atividades de tutoria aos junto ao grupo do PET ao longo dos últimos anos.
resumo da pesquisa PIBIC:
Nas cidades latino-americanas, os moradores produzem maior quantidade e variedade de espaços de convivência do que os planos urbanos oficiais. O resultado desse processo é uma enorme quantidade de assentamentos informais nem sempre precários, caracterizados por se desenvolverem às margens dos planos e regulações oficiais. Na teoria do planejamento urbano internacional, em particular em países de língua inglesa, o processo de produção de tais espaços tem sido compreendido como práticas de planejamento insurgente, ou seja, processo de produção do espaço que ocorrem em reação aos efeitos excludentes dos planos oficiais. Por outro lado, a literatura latino-americana tende a focar nos aspectos exploradores dos assentamentos informais que seriam caracterizados por espaços de exclusão sócio-espacial. O presente trabalho utiliza métodos de analise da literatura estudos de casos em Fortaleza para avaliar em que medida a informalidade pode ser uma condição produtiva ou exploradora. Busca-se identificar praticas urbanas informais com efeitos diversos sobre a qualidade de vida da população. Propõe-se estudo de casos que nos permitam verificar se, e em que medida, as praticas informais da população tem demonstrado capacidade de reverter ou minimizar transformações urbanas de efeitos excludentes. Parte-se da hipótese que esta capacidade estaria relacionada às praticas de sensibilização da opinião pública por meio de visibilização dos efeitos excludentes dos planos oficiais.