julho 22, 2012
Leitura "ABC do Desenvolvimento Urbano" - parte 1
por Bruna Cavalcante
A partir de maio deste ano o PET da
Arquitetura e Urbanismo iniciou as reuniões mensais do grupo de formação
teórica dos bolsistas, para nivelar o conhecimento entre os novos petianos e os
veteranos. Esse grupo vem discutindo inicialmente o livro "ABC do Desenvolvimento Urbano" , de Marcelo Lopes de Souza, por ser uma leitura didática
que define os termos básicos sempre presentes no tema Urbanismo.
Figura 1 |
A reunião inicial tratou das primeiras 80 páginas
do livro, que relembram várias definições comuns que teoricamente já são
conhecidas por todos, porém alguns pontos são aprofundados e
esclarecidos. O primeiro questionamento é "O que é cidade?", que
aparentemente é óbvio, entretanto nem sempre todas as definições abrangem
esse elemento urbano em todos os momentos históricos. A cidade
começou quando o ser humano abandonou a caça e aprendeu a cultivar seu
próprio alimento, podendo assim se fixar em um único local, a chamada
Revolução Urbana. Decorrente do sedentarismo, houve a acumulação de um
excedente de produção que passou a ser comercializado entre outras aglomerações
urbanas, levando Max Weber a concluir que toda cidade é um local de
mercado, porém o inverso não procede. De certa forma, a cidade dos tempos
atuais ainda possui essa centralidade mercantil, porém ela é muito mais
complexa que as rudimentares primordiais. Hoje ela também pode ser um centro
religioso, cultural, político, de interação social e/ou de gestão de
território, em alguns casos expandindo até a sua influência sob outras
localidades. Ela não é um elemento isolado, pois cria fluxos de deslocamentos
entre pessoas de várias cidades, gerando, em alguns casos, cornubação física
entre si, dificultando distinguir suas fronteiras. Dependendo do seu raio
de influência ela pode atingir mais ou menos locais, se posicionando em
diversas hierarquias de influência determinadas pelo autor. (ver figura 1)
Esse raio de influência pode ser tão extenso que cobre até outros países,
no caso de uma metrópole mundial.
Comparando a definição de cidade em 3000 A.C.
(quando aconteceu a Revolução Urbana) com a atual, podemos ver que o
conceito não permaneceu intacto durante os séculos, pois a cidade é um
organismo dinâmico e vivo que só tende a se desenvolver.
Outro ponto abordado pelo texto é a questão da rede
urbana e como as cidades se relacionam entre si. Existem os teatros de
acumulação, que são as cidades que extraem e armazenam o
excedente alimentar do campo ou exploram o trabalhador industrial visando
a acumulação propriamente dita de capital. Há também os centros de difusão
que geralmente são cidades maiores que disseminam bens, tecnologias e
idéias, resultantes de revoluções tecnológicas. Podemos fazer também a
distinção entre cidades centrais e periféricas, onde as centrais oferecem vários
serviços, principalmente de cunho econômico, ou então apresentam
atividades específicas (como festivais anuais, atividades industriais
especializadas e etc). Geralmente quando um morador de uma cidade pequena
procura um serviço, consulta primeiramente a cidade central antes da
média, já que lá é certo que ele ache o que precisa. Graças à essa grande
procura, é comum um centro se saturar, sendo aconselhável adotar políticas
públicas que incentivem a produção de bens para outras cidades menores.
Figura 2 |
Para contornar esses problemas, vários estudiosos
tentaram criar modelos planejados de cidade, organizando-a de diversas
maneiras, muitas vezes segregando as classes sociais em si. O autor
traz alguns exemplos (ver figura 2) e ao analisá-los, percebemos que
esses projetos são inaplicáveis em nossa realidade, pois tendem a
desconsiderar o fato de que a cidade é dinâmica, e está em constante mutação. Esses
projetos nos preparam para as próximas partes do livro, que detalharão
melhor o planejamento urbano, nos fazendo refletir sobre qual seria a melhor estratégia
de abordar a cidade que nós conhecemos sem sermos excludentes.